MODERNISMO é o conjunto de movimentos culturais, escolas e estilos que permearam as artes e o design da primeira metade do século XX.
Apesar de ser possível encontrar pontos de convergência entre os vários
movimentos, eles em geral se diferenciam e até mesmo se antagonizam.
Encaixam-se nesta classificação a literatura, a arquitetura, design, pintura, escultura, teatro e a música modernas.
O movimento moderno baseou-se na ideia de que as formas "tradicionais" das artes plásticas, literatura, design, organização social e da vida cotidiana tornaram-se ultrapassadas, e que se fazia fundamental deixá-las de lado e criar no lugar uma nova cultura.
Esta constatação apoiou a ideia de reexaminar cada aspecto da
existência, do comércio à filosofia, com o objetivo de achar o que
seriam as "marcas antigas" e substituí-las por novas formas, e
possivelmente melhores, de se chegar ao "progresso".
Em essência, o movimento moderno argumentava que as novas realidades do
século XX eram permanentes e eminentes, e que as pessoas deveriam se
adaptar a suas visões de mundo a fim de aceitar que o que era novo era também bom e belo.
A palavra moderno também é utilizada em contraponto ao que é ultrapassado. Neste sentido, ela é sinónimo de contemporâneo, embora, do ponto de vista histórico-cultural, moderno e contemporâneo abranjam contextos bastante diversos.
No Brasil,
os principais artíficios do movimento modernista não se opunham a toda
realização artística anterior a deles. A grande batalha se colocava
contra ao passadismo, ou seja, tudo aquilo que impedisse a criação
livre. Pode-se, assim, dizer que a proposta modernista era de uma
ruptura estética quase completa com o engrossamento da arte encontrado
nas escolas anteriores e de uma ampliação dos horizontes dessa arte
antes delimitada pelos padrões académicos. Em paralelo à ruptura, não se
pode negar o desejo dos escritores em conhecer e explorar o passado
como fonte de criação, não como norma para se criar. Como manifestações
desse desejo por ruptura, que ao mesmo tempo respeitavam obras da
tradição literária, temos o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, o livro Macunaíma, o retrato de brasileiros através das influências cubistas de Tarsila do Amaral, o livro Casa Grande & Senzala, dentre inúmeros outros. Revistas da época também se dedicaram ao tema, tais como Estética, Klaxon e Antropofagia, que foram meios de comunicação entre o movimento, os artistas e a sociedade.
Origem do modernismo
A primeira metade do século XIX
na Europa foi marcada por uma série de guerras e revoluções
turbulentas, as quais gradualmente traduziram-se em um conjunto de
doutrinas atualmente identificadas com o movimento romântico, focado na experiência individual subjetiva, na supremacia da Natureza
como um tema padrão na arte, meios de expressão revolucionários ou
radicais e na liberdade do indivíduo. Em meados da metade do século,
entretanto, uma síntese destas ideias e formas de governo estáveis
surgiram. Chamada de vários nomes, esta síntese baseava-se na ideia de
que o que era "real" dominou o que era subjetivo. Exemplificada pela realpolitik de Otto von Bismarck, ideias filosóficas como o positivismo e normas culturais agora descritas pela palavra vitoriano.
Fundamental para esta síntese, no entanto, foi a importância de
instituições, noções comuns e quadros de referência. Estes inspiraram-se
em normas religiosas encontradas no Cristianismo, normas científicas da física clássica e doutrinas que pregavam a percepção da realidade básica externa através de um ponto de vista objetivo. Críticos e historiadores rotulam este conjunto de doutrinas como Realismo, apesar deste termo não ser universal. Na filosofia, os movimentos positivista e racionalista estabeleceram uma valorização da razão e do sistema.
Contra estas correntes estavam uma série de ideias. Algumas delas
eram continuações diretas das escolas de pensamento românticas. Notáveis
eram os movimentos bucólicos e revivalistas nas artes plásticas e na poesia (por exemplo, a Irmandade pré-rafaelita e a filosofia de John Ruskin). O Racionalismo também manifestou respostas do anti-racionalismo na filosofia. Em particular, a visão dialética de Hegel da civilização e da história gerou respostas de Friedrich Nietzsche e Søren Kierkegaard, principal precursor do Existencialismo. Adicionalmente, Sigmund Freud
ofereceu uma visão dos estados subjetivos que envolviam uma mente
subconsciente repleta de impulsos primários e restrições
contrabalançantes, e Carl Jung combinaria a doutrina de Freud com uma crença na essência natural para estipular um inconsciente coletivo
que era repleto de tipologias básicas que a mente consciente enfrentou
ou assumiu. Todas estas reações individuais juntas, porém, ofereceram um
desafio a quaisquer ideias confortáveis de certeza derivada da
civilização, da história ou da razão pura.
Duas escolas originadas na França gerariam um impacto particular. A primeira seria o Impressionismo, a partir de 1872, uma escola de pintura
que inicialmente preocupou-se com o trabalho feito ao ar livre, ao
invés dos estúdios. Argumentava-se que o ser humano não via objetos, mas
a própria luz refletida pelos objetos. O movimento reuniu simpatizantes
e, apesar de divisões internas entre seus principais membros, tornou-se
cada vez mais influente. Foi originalmente rejeitado pelas mais
importantes exposições comerciais do período - o governo patrocinava o Salon de Paris (Napoleão III viria a criar o Salon des Refusés, que expôs todas as pinturas rejeitadas pelo Salon de Paris). Enquanto muitas obras seguiam estilos padrão, mas por artistas inferiores, o trabalho de Manet atraiu tremenda atenção e abriu as portas do mercado da arte para o movimento.
A segunda escola seria o Simbolismo,
marcado pela crença de que a linguagem é um meio de expressão simbólico
em sua natureza, e que a poesia e a prosa deveriam seguir conexões que
as curvas sonoras e a textura das palavras pudessem criar. Tendo suas
raízes em As Flores do Mal, de Baudelaire, publicado em 1857, poetas Rimbaud, Lautréamont e Stéphane Mallarmé seriam de particular importância para o que aconteceria dali a frente.
Ao mesmo tempo, forças sociais, políticas e econômicas estavam
trabalhando de forma a eventualmente serem usadas como base para uma
forma radicalmente diferente de arte e pensamento.
Encabeçando este processo estava a industrialização, que produziu obras como a Torre Eiffel,
que superou todas as limitações anteriores que determinavam o quão alto
um edifício poderia ser e ao mesmo tempo possibilitava um ambiente para
a vida urbana notadamente diferente dos anteriores. As misérias da
urbanização industrial e as possibilidades criadas pelo exame científico
das disciplinas seriam cruciais na série de mudanças que abalariam a
civilização europeia, que, naquele momento, considerava-se tendo uma
linha de desenvolvimento contínua e evolutiva desde a Renascença.
A marca das mudanças que ocorriam pode ser encontrada na forma como
tantas ciências e artes são descritas em suas formas anteriores ao século XX pelo rótulo "clássico", incluindo a física clássica, a economia clássica e o ballet clássico.
O advento do modernismo (1890-1910)
Em princípio, o movimento pode ser descrito genericamente como uma rejeição da tradição e uma tendência a encarar problemas sob uma nova perspectiva baseada em ideias e técnicas atuais. Daí Gustav Mahler considerar a si próprio um compositor "moderno" e Gustave Flaubert ter proferido sua famosa frase "É essencial ser absolutamente moderno nos seus gostos". A aversão à tradição pelos impressionistas faz destes um dos primeiros movimentos artísticos a serem vistos, em retrospectiva, como "moderno". Na literatura, o movimento simbolista
teria uma grande influência no desenvolvimento do Modernismo, devido ao
seu foco na sensação. Filosoficamente, a quebra com a tradição por
Nietzsche e Freud provê um embasamento chave do movimento que estaria
por vir: começar de novo princípios primários, abandonando as definições
e sistemas prévios. Esta tendência do movimento em geral conviveu com
as normas de representação do fim do século XIX; frequentemente seus
praticantes consideravam-se mais reformadores do que revolucionários.
Começando na década de 1890
e com força bastante grande daí em diante, uma linha de pensamento
passou a defender que era necessário deixar completamente de lado as
normas prévias, e ao invés de meramente revisitar o conhecimento passado
à luz das técnicas atuais, seria preciso implantar mudanças mais
drásticas. Cada vez mais presente integração entre a combustão interna e a industrialização; e o advento das ciências sociais
na política pública. Nos primeiros quinze anos do século XX, uma série
de escritores, pensadores e artistas fizeram a ruptura com os meios
tradicionais de se organizar a literatura, a pintura, a música -
novamente, em paralelo às mudanças nos métodos organizacionais de outros
campos. O argumento era o de que se a natureza da realidade
mesma estava em questão, e as suas restrições, as atividades humanas
até então comuns estavam mudando, então a arte também deveria mudar.
Artistas que fizeram parte do modernismo
Alguns marcos são as músicas de Arnold Schoenberg, as experiências pictóricas de Kandinsky que culminariam na fundação do grupo Der blaue Reiter em Munique e o advento do Cubismo através do trabalho de Picasso e Georges Braque em 1908 e dos manifestos de Guillaume Apollinaire, além, é claro, do Expressionismo inspirado em Van Gogh e do Futurismo.
Bastante influentes nesta onda de modernidade estavam as teorias de
Freud, o qual argumentava que a mente tinha uma estrutura básica e
fundamental, e que a experiência subjetiva era baseada na relação entre
as partes da mente. Toda a realidade subjetiva era baseada, de acordo
com as idéias freudianas, na representação de instintos e reações
básicas, através dos quais o mundo exterior era percebido. Isto
representou uma ruptura com o passado, quando se acreditava que a
realidade externa e absoluta poderia impressionar ela própria o
indivíduo, como dizia por exemplo, a doutrina da tabula rasa de John Locke.
Entretanto, o movimento moderno não era meramente definido pela sua vanguarda
mas também pela linha reformista aplicada às normas artísticas prévias.
Esta procura pela simplificação do discurso é encontrada no trabalho de
Joseph Conrad. Nota-se em Mário de Andrade, com suas retrições à Poesia Pau-Brasil
que não o tornam absolutamente um vanguardista. As consequências das
comunicações modernas, dos novos meios de transporte e do
desenvolvimento científico mais rápido começaram a se mostrar na
arquitetura mais barata de se construir e menos ornamentada, e na
redação literária, mais curta, clara e fácil de ler. O advento do cinema e das "figuras em movimento" na primeira década do século XX possibilitaram ao movimento moderno uma estética que era única, e novamente, criaram uma conexão direta com a necessidade percebida de se estender à tradição "progressiva" do fim do século XX, mesmo que isto entrasse em conflito com as normas estabelecidas.
A tentativa de reproduzir o movimento das imagens com palavras surgiu primeiramente com o Futurismo de Marinetti, na Itália, que publicou o primeiro manifesto no ano de 1909. Baseados nas experiências de Sergei Eisenstein no cinema, os cubo-futuristas russos, como Vladimir Maiakovski conseguiram subsequentemente concretizar esta intenção dos primeiros futuristas.
Após o Futurismo, surgem várias vanguardas na literatura e na poesia, como o Expressionismo e o Cubismo, importados das artes plásticas, o Dadaísmo e o Surrealismo,
a partir da relação com a estética de escritores e poetas da segunda
metade do século XIX, com suas novas formas de explorar a psique humana e com a linguagem verbal.
No entanto, muito influenciada pelas ideias do futurismo, surge
também uma linha do movimento moderno que rompeu com o passado ainda a
partir da primeira década do século XX de forma mais branda que as vanguardas,
e tentou redefinir as várias formas de arte de uma maneira menos
radical. Seguindo esta linha mais branda vieram escritores de língua
inglesa como Virginia Woolf, James Joyce (que depois tornou-se mais radical e mais próximo das vanguardas), T.S. Eliot, Ezra Pound (com ideias claramente próximas ao futurismo), Wallace Stevens, Joseph Conrad, Marcel Proust, Gertrude Stein, Wyndham Lewis, Hilda Doolittle, Marianne Moore, Franz Kafka e William Faulkner. Compositores como Arnold Schönberg e Igor Stravinsky representaram o moderno na música. Artistas como Picasso, Matisse, Mondrian, os surrealistas, entre outros, o representaram nas artes plásticas, enquanto arquitetos como Le Corbusier, Mies van der Rohe, Walter Gropius e Frank Lloyd Wright trouxeram as ideias modernas para a vida urbana cotidiana. Muitas figuras fora do modernismo nas artes foram influenciadas pelas idéias artísticas, por exemplo John Maynard Keynes era amigo de Virginia Woolf e outros escritores do grupo de Bloomsbury.
MODERNISMO NO BRASIL
O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX, sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas. Comparado a outros movimentos modernistas, o brasileiro foi desencadeado tardiamente, na década de 1920.
Este foi resultado, em grande parte, da assimilação de tendências
culturais e artísticas lançadas pelas vanguardas europeias no período
que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, tendo como exemplo do Cubismo e do Futurismo,
refletindo, então, na procura da abolição de todas as regras anteriores
e a procura da novidade e da velocidade. Contudo, pode-se dizer que a
assimilação dessas ideias europeias deu-se de forma seletiva,
rearranjando elementos artísticos de modo a ajustá-los às singularidades
culturais brasileiras. Considera-se a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922, como ponto de partida do modernismo no Brasil. Porém, nem todos os participantes desse evento eram modernistas: Graça Aranha,
um pré-modernista, por exemplo, foi um dos oradores. Não sendo
dominante desde o início, o modernismo, com o tempo, suplantou os
anteriores. Foi marcado, sobretudo, pela liberdade de estilo e
aproximação com a linguagem falada, sendo os da primeira fase mais
radicais em relação a esse marco. Didaticamente, divide-se o Modernismo
em três fases: a primeira fase, mais radical e fortemente oposta a tudo
que foi anterior, cheia de irreverência e escândalo; uma segunda mais
amena, que formou grandes romancistas e poetas; e uma terceira, também
chamada Pós-Modernismo por vários autores, que se opunha de certo modo a primeira e era por isso ridicularizada com o apelido de neoparnasianismo.
Primeira geração (1922-1930)
A Primeira Fase do Modernismo foi caracterizada pela tentativa de
definir e marcar posições, sendo ela rica em manifestos e revistas de
circulação efêmera. Havia a busca pelo moderno, original e polêmico, com
o nacionalismo em suas múltiplas facetas. A volta das origens, através
da valorização do indígena e a língua falada pelo povo, também foram
abordados. Contudo, o nacionalismo foi empregado de duas formas
distintas: a crítica, alinhado a esquerda política através da denúncia
da realidade, e a ufanista, exagerado e de extrema direita. Devido à
necessidade de definições e de rompimento com todas as estruturas do
passado foi a fase mais radical, assumindo um caráter anárquico e
destruidor. Um mês depois da Semana de Arte Moderna, o Brasil vivia dois
momentos de grande importância política: as eleições presidenciais e o
congresso de fundação do Partido Comunista em Niterói. Em 1926, surge o Partido Democrático, sendo Mário de Andrade um de seus fundadores. A Ação Integralista Brasileira, movimento nacionalista radical, também vai ser fundado, em 1932, por Plínio Salgado.
Manifestos e revistas
Revista Klaxon — Mensário de Arte Moderna (1922-1923)
Recebe este nome do termo usado para designar a buzina externa dos
automóveis. Primeiro periódico modernista, é conseqüência das agitações
em torno da Semana de Arte Moderna. Inovadora em todos os sentidos:
gráfico, existência de publicidade, oposição entre o velho e o novo.
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)
Escrito por Oswald e publicado inicialmente no Correio da Manhã. Em 1925, é republicado como abertura do livro de poesias Pau-Brasil, de Oswald. Apresenta uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil.
Verde-Amarelismo ou Escola da Anta (1926-1929)
Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de
Almeida e Cassiano Ricardo em resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil,
criticando-se o “nacionalismo afrancesado” de Oswald. Sua proposta era
de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo, evoluindo para o Integralismo. Idolatria do tupi e a anta é eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, o grupo verde-amarelista publica o manifesto "Nhengaçu Verde-Amarelo — Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta".
Manifesto Regionalista de 1926
1925 e 1930 é um período marcado pela difusão do Modernismo pelos estados brasileiros. Nesse sentido, o Centro Regionalista do Nordeste (Recife).Presidido
por Gilberto Freire busca desenvolver o sentimento de unidade do
Nordeste nos novos moldes modernistas. Propõem trabalhar em favor dos
interesses da região, além de promover conferências, exposições de arte,
congressos etc. Para tanto, editaram uma revista. Vale ressaltar que o
regionalismo nordestino conta com Graciliano Ramos, Alfredo Pirucha,
José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Jorge
Amado e João Cabral, em 1926.
Revista de Antropofagia (1928-1929)
É a nova etapa do Pau-Brasil, sendo resposta a Escola da Anta. Seu nome origina-se da tela Abaporu (O que come) de Tarsila do Amaral.
O Antropofagismo foi caracterizado pela assimilação (“deglutição”)
crítica às vanguardas e culturas europeias, com o fim de recriá-las,
tendo em vista o redescobrimento do Brasil em sua autenticidade
primitiva. Contou com duas fases, sendo a primeira com dez números (1928 – 1929), sob direção de Antônio Alcântara Machado e gerência de Raul Bopp, e a segunda publicada semanalmente em 16 números no jornal Diário do Rio de Janeiro em 1929, tendo como secretário Geraldo Ferraz.
Primeira fase
Iniciado pelo polêmico manifesto de Oswald, conta com Alcântara Machado, Mário de Andrade (com a publicação de um capítulo de Macunaíma em seu 2º número), Carlos Drummond (3º número, publicou a poesia No meio do caminho); além de desenhos de Tarsila, artigos em favor da língua tupi de Plínio Salgado e poesias de Guilherme de Almeida.
Segunda fase
Mais definida ideologicamente, foi iniciada pela ruptura dos
Andrades. Nesta fase, há a participação de Oswald, Bopp, Geraldo Ferraz,
Oswaldo Costa, Tarsila, Patrícia Galvão Pagu. Os alvos das
críticas são Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Aranha,
Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Plínio Salgado e outros.
Segunda geração (1930-1945)
Estendendo-se de 1930 a 1945,
a segunda fase foi rica na produção poética e, também, na prosa. O
universo temático amplia-se com a preocupação dos artistas com o destino
do Homem e no estar-no-mundo. Ao contrário da sua antecessora, foi
construtiva. Não sendo uma sucessão brusca, a poesia da geração de 22 e
30 foram contemporâneas. A maioria dos poetas de 30 absorveram
experiências de 22, como a liberdade temática, o gosto da expressão
atualizada ou inventiva, o verso livre
e o antiacademicismo. Portanto, ela não precisou ser tão combativa
quanto a de 22, devido ao encontro de uma linguagem poética modernista
já estruturada. Passara, então, a aprimorá-la, prosseguindo a tarefa de
purificação de meios e formas direcionando e ampliando a temática da
inquietação filosófica e religiosa, com Vinícius de Moraes, Jorge de
Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Carlos Drummond de
Andrade. A prosa, por sua vez, alargava a sua área de interesse ao
incluir preocupações novas de ordem política, social, econômica, humana e
espiritual. A piada foi sucedida pela gravidade de espírito, a
seriedade da alma, propósitos e meios. Essa geração foi grave, assumindo
uma postura séria em relação ao mundo, por cujas dores, considerava-se
responsável. Também caracterizou o romance dessa época, o encontro do
autor com seu povo, havendo uma busca do homem brasileiro em diversas
regiões, tornando o regionalismo importante. A Bagaceira, de José Américo de Almeida,
foi o primeiro romance nordestino. Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José
Lins do Rego, Érico Verissimo, Graciliano Ramos e outros escritores
criaram um estilo novo, completamente moderno, totalmente liberto da
linguagem tradicional, nos quais puderam incorporar a real linguagem
regional, as gírias locais. O humor quase piadístico de Drummond
receberia influências de Mário e Oswald de Andrade. Vinícius, Cecília,
Jorge de Lima e Murilo Mendes apresentaram certo espiritualismo que
vinha do livro de Mário Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917).
A consciência crítica estava presente, e mais do que tudo, os
escritores da segunda geração consolidaram em suas obras questões
sociais bastante graves: a desigualdade social, a vida cruel dos
retirantes, os resquícios de escravidão, o coronelismo, apoiado na posse
das terras - todos problemas sociopolíticos que se sobreporiam ao lado
pitoresco das várias regiões retratadas.
Terceira geração (1945-1978)
Com a transformação do cenário sócio-político do Brasil, a literatura também transformou-se: O fim da Era Vargas, a ascensão e queda do Populismo, a Ditadura Militar, e o contexto da Guerra Fria,
foram, portanto, de grande influência na Terceira Fase. Na prosa, tanto
no romance quanto no conto, houve a busca de uma literatura intimista,
de sondagem psicológica e introspectiva, tendo como destaque Clarice Lispector.
O regionalismo, ao mesmo tempo, ganha uma nova dimensão com a recriação
dos costumes e da fala sertaneja com Guimarães Rosa, penetrando fundo
na psicologia do jagunço do Brasil central.
A pesquisa da linguagem foi um traço caraterísticos dos autores
citados, sendo eles chamados de instrumentalistas. A geração de 45
surge com poetas opositores das conquistas e inovações modernistas de
22, o que faz com que, na concepção de muitos estudiosos(como Tristão de
Athayde e Ivan Junqueira), esta geração seja tratada como
pós-modernista. A nova proposta, inicialmente, é defendida pela revista Orfeu em 1947.
Negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras
características modernistas, os poetas de 45 buscaram uma poesia mais
“equilibrada e séria”, tendo como modelos os Parnasianos e Simbolistas.
No início dos anos 40, surgem dois poetas singulares, não filiados
esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto e Lêdo Ivo.
Estes considerados por muitos os mais importantes representantes da
geração de 45.
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