ROMANTISMO, também chamado de Romanticismo, foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo.
Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos,
retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de
escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se ao movimento estético ou, em um
sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece
de sentido objetivo.
O Romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças
criativas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à arte
equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos
fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na
saudade, no sentimento da natureza e na força das lendas nacionais.
Contexto histórico
O Romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente
intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam sistemas de
governo despóticos e surgia o liberalismo político
(não confundir com o liberalismo econômico do Século XX). No campo
social imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às
regras. A Revolução Francesa é o clímax desse século de oposição.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito
romântico antes de seu nascimento de fato, sendo assim chamados pré-românticos. Nesta classificação encaixam-se Francisco Goya e Bocage.
O Romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a Alemanha e na Inglaterra. Na Alemanha, o Romantismo, teria, inclusive, fundamental importância na unificação germânica com o movimento Sturm und Drang.
O Romantismo viria a se manifestar de forma bastante variada nas diferentes artes e marcaria, sobretudo, a literatura e a música
(embora ele só venha a se manifestar realmente aqui mais tarde do que
em outras artes). À medida que a escola foi sendo explorada, foram
surgindo críticos à sua demasiada idealização da realidade. Destes
críticos surgiu o movimento que daria forma ao Realismo.
No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, com o Primeiro reinado, com a guerra do Paraguai e com a campanha abolicionista.
Características
O romantismo seria dividido em 3 gerações:
- 1ºgeração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da colectânea de textos e documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.
- 2ºgeração — Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não era atingida.
- 3ºgeração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irónica (vide Eça de Queirós), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.
Individualismo
Os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de
intuito humano, abrindo espaço para a manifestação da individualidade,
muitas vezes definida por emoções e sentimentos.
Subjetivismo
O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua
opinião sobre o mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de
verbos na primeira pessoa. Trata-se sempre de uma opinião parcelada,
dada por um individuo que baseia sua perspectiva naquilo que as suas
sensações captam. Com plena liberdade de criar, o artista romântico não
se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática
sempre retomada em sua obra.
Idealização
Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em
algumas de suas características. Dessa forma, a mulher é vista como uma
virgem frágil, o índio é visto como herói nacional e a noção de pátria
também é idealizada.
Sentimentalismo exacerbado
Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo
já que essa escola literária é movida através da emoção, sendo as mais
comuns a saudade, a tristeza e a desilusão. Os poemas expressam o
sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato sobre uma vida.
O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E
acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre
no interior do indivíduo relatado.
Emoção acima de tudo.
Egocentrismo
Como o nome já diz, é a colocação do ego
no centro de tudo. Vários artistas românticos colocam, em seus poemas e
textos, os seus sentimentos acima de tudo, destacando-os na obra.
Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.
Natureza interagindo com o eu lírico
A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está
sentindo no momento narrado. A natureza pode estar presente desde as
estações do ano, como formas de passagens, à tempestades, ou dias de
muito sol. Diferentemente do Arcadismo, por exemplo, que a natureza é
mera paisagem. No Romantismo, a natureza interage com o eu-lírico.A
natureza funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito
do poeta.
Grotesco e sublime
Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo que visa a
idealização do personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição.
Como exemplo, temos o conto de A Bela e a Fera, no qual uma jovem idealizada, se apaixona por uma criatura horrenda.
Medievalismo
Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua
língua e de seu próprio país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à
pátria um ótimo modo de retratar as culturas de seu país. Esses poemas
se passam em eras medievais e retratavam grandes guerras e batalhas.
Indianismo
É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham
um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o
ícone para a origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo
resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau),
segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o
índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade européia.
Byronismo
Inspirado na vida e na obra de Lord Byron,
poeta inglês. Estilo de vida boêmio, voltado para vícios, bebida, fumo ,
podendo estar representado no personagem ou na própria vida do autor
romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo
egocentrismo, pelo pessimismo, pela angústia.
Romantismo nas belas artes
Segundo Giulio Carlo Argan na sua obra Arte moderna.
O Romantismo e o Neoclassicismo são simplesmente duas faces de uma
mesma moeda. Enquanto o neoclássico busca um ideal sublime, objetivando o
mundo, o romântico faz o mesmo, embora tenda a subjetivar o mundo
exterior. Os dois movimentos estão interligados, portanto, pela
idealização da realidade (mesmo que com resultados diversos).
As primeiras manifestações românticas na pintura ocorreram quando Francisco Goya
passou a pintar depois de começar a perder a audição. Um quadro de
temática neoclássica como Saturno devorando seus filhos, por exemplo,
apresenta uma série de emoções para o espectador que o fazem se sentir
inseguro e angustiado. Goya cria um jogo de luz-e-sombra, linhas de
composição diagonais e pinceladas "grosseiras" de forma a acentuar a
situação dramática representada. Apesar de Goya ter sido um acadêmico, o
Romantismo somente chegaria à Academia mais tarde.
O francês Eugène Delacroix é considerado um pintor romântico por excelência. Sua tela A Liberdade guiando o povo reúne o vigor e o ideal românticos em uma obra que estrutura-se em um turbilhão de formas. O tema são os revolucionários de 1830 guiados pelo espírito da Liberdade (retratados aqui por uma mulher carregando a bandeira da França).
O artista coloca-se metaforicamente como um revolucionário ao se
retratar em um personagem da turba, apesar de olhar com uma certa
reserva para os acontecimentos (refletindo a influência burguesa no
romantismo). Esta é provavelmente a obra romântica mais conhecida.
A busca pelo exótico, pelo inóspito e pelo selvagem formaria outra
característica fundamental do Romantismo. Exaltavam-se as sensações
extremas, os paraísos artificiais, a natureza em seu aspecto mais bruto.
Lançar-se em "aventuras" ao embarcar em navios com destino aos polos,
por exemplo, tornou-se uma forma de inspiração para alguns artistas. O
pintor inglês William Turner refletiu este espírito em obras como Mar em tempestade onde o retrato de um fenômeno da Natureza é usado como forma de atingir os sentimentos supracitados.
Romantismo na literatura
O Romantismo surge na literatura quando os escritores trocam o mecenato
aristocrático pelo editor, precisando assim cativar um público leitor.
Esse público estará entre os pequenos burgueses, que não estavam ligados
aos valores literários clássicos
e, por isso, apreciariam mais a emoção do que a sutileza das formas do
período anterior. A história do Romantismo literário é bastante
controversa.
Em primeiro lugar, as manifestações em poesia e prosa popular na
Inglaterra são os primeiros antecedentes, embora sejam consideradas "pré-românticas" em sentido lato. Os autores ingleses mais conhecidos desse pré-Romantismo "extra-oficial" são William Blake (cujo misticismo latente em The Marriage of Heaven and Hell - O Casamento do Céu e Inferno, 1793 atravessará o Romantismo até o Simbolismo) e Edward Young (cujos Night Thoughts - Pensamentos Noturnos, 1742, re-editados por Blake em 1795, influenciarão o Ultra-Romantismo), ao lado de James Thomson, William Cowper e Robert Burns. O Romantismo "oficial" é reconhecido nas figuras de Coleridge e Wordsworth (Lyrical Ballads - Baladas Líricas, 1798), fundadores; Byron (Childe Harold's Pilgrimage, Peregrinação de Childe Harold, 1818), Shelley (Hymn to Intellectual Beauty - Hino à Beleza Intelectual, 1817) e Keats (Endymion, 1817), após o Romantismo de Jena.
Em segundo lugar, os alemães procuraram renovar sua literatura
através do retorno à natureza e à essência humana, com assídua
recorrência ao "pré-Romantismo extra-oficial" da Inglaterra. Esses
escritores alemães formaram o movimento Sturm und Drang
(tempestade e ímpeto), donde surge então, mergulhado no
sentimentalismo, o pré-Romantismo "oficial", isto é, conforme as
convenções historiográficas. Goethe (Die Leiden des Jungen Werther - O Sofrimento do Jovem Werther, 1774), Schiller (An die Freude - Ode à Alegria, 1785) e Herder (Auszug aus einem Briefwechsel über Ossian und die Lieder alter Völker - Extrato da correspondência sobre Ossian e as canções dos povos antigos, 1773) formam a Tríade. Alguns jovens alemães, como Schegel e Novalis,
com novos ideais artísticos, afirmam que a literatura, enquanto arte
literária, precisa expressar não só o sentimento como também o
pensamento, fundidos na ironia e na auto-reflexão. Era o Romantismo de
Jena, o único Romantismo autêntico em nível internacional.
Em terceiro lugar, a difusão européia do Romantismo tomou como
românticas as formas pré-românticas da Inglaterra e da Alemanha,
privilegiando, portanto, apenas o sentimentalismo em detrimento da complicada reflexão do Romantismo de Jena. Por isso, mundialmente, o Romantismo é uma extensão do pré-Romantismo. Assim, na França, destacam-se Stendhal, Hugo e Musset; na Itália Leopardi e Manzoni; em Portugal Garrett e Herculano; na Espanha Espronceda e Zorilla.
Tendo o liberalismo como referência ideológica, o Romantismo renega
as formas rígidas da literatura, como versos de métrica exata. O romance
se torna o gênero narrativo preferencial, em oposição à epopéia. É a
superação da retórica, tão valorizada pelos clássicos.
Os aspectos fundamentais da temática romântica são o historicismo e o individualismo. O historicismo está representado nas obras de Walter Scott (Inglaterra), Vitor Hugo (França), Almeida Garrett (Portugal), José de Alencar
(Brasil), entre tantos outros. São resgates históricos apaixonados e
saudosos ou observações sobre o momento histórico que atravessava-se
àquela altura, como no caso de Balzac ou Stendhal (ambos franceses).
A outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o culto do egocentrismo, vazado de melancolia e pessimismo (Mal-do-Século). Pelo apego ao intimismo e a valores extremados, foram chamados de Ultra-Românticos. Esses escritores como Byron, Alfred de Musset e Álvares de Azevedo beberam do Sturm und Drang alemão, perpetuando as fontes sentimentais.
O romantismo é um movimento que vai contra o avanço da modernidade em
termos da intensa racionalização e mecanização. É uma crítica à perda
das perspectivas que fogem àquelas correlacionadas à razão. Por parte o
romantismo nos mostra como bases de vida o amor e a liberdade.
Romantismo na música
As primeiras evidências do romantismo na música aparecem com Beethoven.
Suas sinfonias, a partir da terceira, revelam uma música com temática
profundamente pessoal e interiorizada, assim como algumas de suas
sonatas para piano também, entre as quais é possível citar a Sonata Patética.
Outros compositores como Chopin, Tchaikovsky, Felix Mendelssohn, Liszt, Grieg e Brahms levaram ainda mais adiante o ideal romântico de Beethoven, deixando o rigor formal do Classicismo para escreverem músicas mais de acordo com suas emoções.
Na ópera, os compositores mais notáveis foram Verdi e Wagner. O primeiro procurou escrever óperas, em sua maioria, com conteúdo épico ou patriótico - entre as quais as óperas Nabucco, I Vespri Sicilianni, I Lombardi nella Prima Crociata - embora tenha escrito também algumas óperas baseadas em histórias de amor como La Traviata; O segundo enfocava histórias mitológicas germânicas, caso da Tetralogia do Anel do Nibelungo e outras óperas como Tristão e Isolda e O Holandês Voador, ou sagas medievais como Tannhäuser, Lohengrin e Parsifal. Mais tarde na Itália o romantismo na ópera se desenvolveria ainda mais com Puccini.
Romantismo em Portugal
Teve como marco inicial a publicação do poema "Camões", de Almeida
Garrett, em 1825, e durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865
com a Questão Coimbrã.
A Primeira Geração do Romantismo em Portugal vai de 1825 a 1840. Seus principais autores são Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Antônio Feliciano de Castilho. A Segunda Geração, ultra-Romântica, de 1840 a 1860 e tem como principais autores, Camilo Castelo Branco e Soares de Passos. A Terceira Geração, pré-Realista, de 1860 a 1870, aproximadamente, teve como principais autores Júlio Dinis e João de Deus.
Romantismo no Brasil
De acordo com o tema principal, os romances no Brasil podem ser
classificados como indianistas, urbanos ou históricos e regionalistas.
No romance indianista, o índio era o foco da literatura, pois era
considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente
idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o
homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de
assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. Junto com tudo
isso, o indianismo expressava os costumes e a linguagem indígenas, cujo
retrato fez de certos romances excelentes documentos históricos.
Os romances urbanos tratam da vida na capital e relatam as
particularidades da vida cotidiana da burguesia, cujos membros se
identificavam com os personagens. Os romances faziam sempre uma crítica à
sociedade através de situações corriqueiras, como o casamento por
interesse ou a ascensão social a qualquer preço.
Por fim, o romance regionalista propunha uma construção de texto que
valorizasse as diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais que
afastavam o povo brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma
nação. Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil,
representando a forma de vida e individualidade da população de cada
parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de
centros urbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, além
de o espaço físico afetar suas condições de vida.
A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a
natureza, o regresso ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um
herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre. Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do Romantismo no Brasil. Obras: Suspiros Poéticos e Saudades. Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: Canção do exílio, I-Juca-Pirama. Araújo Porto Alegre fundou com os outros dois a Revista Niterói-Brasiliense
Entre as principais características da primeira geração romântica no
Brasil estão: o nacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a
religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e espaço, o
egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da
liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo.
A segunda geração, também conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
Entre seus principais autores estão Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire e Pedro de Calasans.
Álvares de Azevedo fazia parte da sociedade epicuréia destinada a
repetir no Brasil a existência boêmia de Byron. Obras: Pálida à Luz,
Soneto, Lembranças de Morrer, Noite na Taverna. Casimiro de Abreu
escreveu As Primaveras, Poesia e amor, etc. Fagundes Varela, embora
byroniano, já tinha em sua poesia algumas características da terceira
geração do romantismo. Junqueira Freire, com estilo dividido entre a
homossexualidade e a heterossexualidade, demonstrava as idiossincrasias
da religião católica do século XIX.
Já as principais características da segunda geração foram o profundo
subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o
saudosismo (lamentação) em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo,
o sentimento de angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o
satanismo e a fuga da realidade.
Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração Condoreira,
simbolizada pelo Condor, uma ave que costuma construir seu ninho em
lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou
Hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, grande pensador do
social e influenciador dessa geração.
Os destaques desta geração foram Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto.
Castro Alves, denominado "Poeta dos Escravos", o mais expressivo
representante dessa geração com obras como Espumas Flutuantes e Navio
Negreiro. Sousândrade não foi um poeta muito influente, mas tem uma
pequena importância pelo descritivismo de suas obras. Tobias Barreto é
famoso pelos seus poemas românticos.
As principais características são o erotismo, a mulher vista com
virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre
todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a
mulher podendo ser tocada e amada.
Essas três gerações citadas acima apenas se aplicam para a poesia
romântica, pois a prosa no Brasil não foi marcada por gerações, e sim
por estilos de textos - indianista, urbano ou regional - que aconteceram
todos simultaneamente.
No país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de 1880. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis, em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período realista.
Principais escritores românticos brasileiros
- Gonçalves Dias: principal poeta romântico e uns dos melhores da língua portuguesa, nacionalista, autor da famosa Canção do Exílio, da nem tão famosa I-Juca-Pirama e de muitos outros poemas.
- Álvares de Azevedo: o maior romântico da Segunda Geração Romântica; autor de Lira dos Vinte Anos, Noite na Taverna e Macário.
- Castro Alves:grande representante da Geração Condoeira, escreveu, principalmente, poesias abolicionistas como o Navio Negreiro.
- Joaquim Manuel de Macedo, romancista urbano escreveu A Moreninha e também O Moço Loiro.
- José de Alencar, principal romancista romântico. Romances urbanos: Lucíola; A Viuvinha; Cinco Minutos; Senhora. Romances regionalistas: O Gaúcho, O Sertanejo, O Tronco do Ipê. Romances históricos: A Guerra dos Mascates; As Minas de Prata. Romances indianistas: O Guarani, Iracema e o Ubirajara.
- Manuel Antônio de Almeida: romancista urbano, precursor do Realismo. Obras: Memórias de um Sargento de Milícias.
- Bernardo Guimarães: considerado fundador do regionalismo. Obras: A Escrava Isaura; "O Seminarista"
- Franklin Távora: regionalista. Obra mais importante: O Cabeleira.
- Visconde de Taunay: regionalista. Obra mais importante: Inocência.
- Machado de Assis: estilo único, dotado de fase romântica e realista. Em sua fase romântica destacam-se "A Mão e a Luva" e "Helena". Ainda em tal fase realizava análise psicológica e crítica social, mostrando-se atípico dentre os demais românticos
Demais artes
Apesar da produção literária ser predominantemente romântica, vive-se no país neste período um grande incentivo ao academicismo e ao neoclassicismo. O neoclássico é o estilo oficial do Império recém-proclamado e o grande centro das artes no país é a Escola Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, lar do neoclassicismo no Brasil, sob influência direta da Missão francesa trazida pelo Príncipe-Regente D. João VI. Principais características: subjetivismo, evasão, erotismo, senso de mistério e religiosidade.
Artigo riquíssimo!
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