29 DE OUTUBRO DE 2012 - DIA DO LIVRO: DEZ LIVROS INDISPENSÁVEIS PARA TODO ESTUDANTE

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Ziraldo, Ruy Castro, Moacyr Scliar e outros escritores brasileiros escolhem os livros fundamentais na pré-adolescência




Heloisa Prieto, autora de Lenora, indica:

Nome do livro: O Segredo da Chuva, de Daniel Munduruku
Por quê: "Há tempos não chove. A floresta e a aldeia, bem como todas as formas de vida, correm perigo. Para salvá-las, o pequeno Luã, envolve-se numa aventura mágica cuja meta é descobrir o segredo da chuva. A milenar tradição de sabedoria indígena, o amor à natureza e o respeito pelos ancestrais, emprestam um encanto único ao texto de nosso premiado autor Daniel Munduruku. Em época de aquecimento global, descontrole de consumo, os valores singelos e eternos dos povos das florestas brasileiras são evocados para saciar a sede de sabedoria de jovens, adultos e crianças".

Editora: Ática








Claudio Fragata, autor de Balaio de Bichos, indica:
                                      

Nome do livro: Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll 
Por quê: "Alice deve ser lido por todos os jovens. Falo do texto original e não das dezenas de adaptações que existem nas livrarias. Esse livro é fundamental porque tem tudo o que uma boa leitura precisa: aventura, fantasia, surpresa e humor. É completo, Lewis Carroll mistura prosa e poesia. Ele é um mestre do nonsense. Eu sempre me deparo com jovens que têm dificuldade de lidar com a imaginação, que rejeitam tudo o que lhes parece impossível. Há pouco tempo, um garoto me disse que achava os desenhos animados uma perda de tempo porque bigornas não despencam na cabeça das pessoas e ninguém consegue andar no ar sobre um desfiladeiro. Carroll subverte o real. Brinca com a lógica. Nada é exatamente o que parece ser em sua história. Isso é muito mais próximo da vida real do que muita história que se diz realista. O bom é que a aventura continua num segundo livro, Alice no País do Espelho, tão fascinante quanto o primeiro. Eu leio e releio Lewis Carroll até hoje e cada vez é uma experiência diferente".

Editora: Summus


Ruy Castro, autor de Chega de Saudade, indica:


Nome do livro: Frenesi - Histórias de Duplo Terror, de Heloisa Seixas
Por quê: "São histórias de terror envolvendo jovens que estão lendo história de terror. O que eles estão lendo se mistura com a história que eles estão vivendo. Recomendo, entre outros motivos, pela originalidade da concepção. Em muitos momentos, a 'realidade' (ou seja, os jovens lendo ou discutindo sobre histórias de terror) e a 'ficção' (as histórias em si) se misturam e criam um 'duplo terror', que é a mistura das duas coisas. Além disso, há a sofisticação das leituras deles. E o que eles estão lendo? Contos clásssicos do terror: O gato preto, de Edgar Allan Poe; O bebê de tarlatana rosa, de João do Rio; Os buracos da máscara, de Jean Lorrain; etc. Mas nada disso é imposto ao leitor -- se este não conhecer esses clássicos, gostará ou sentirá medo do mesmo jeito".

Editora: Rocco




Fanny Abramovich, autora de Segredos Secretos, indica:

Nome do livro: As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain
Por quê: "O livro é um deleite, uma aventura aventurosa. Ele tem um senso de humor incrível. Ninguém soube zanzar pelo rios, seja o Tietê seja o Mississipi, como Mark Twain. Há vários livros ótimos para essa idade, mas Twain é o que posso chamar de essencial. Sérgio Flaksman fez uma tradução de bater palma."

    Editora: Ática


 









Moacyr Scliar, autor de A Festa no Castelo, indica:

Nome do livro: A Chave do Tamanho, de Monteiro Lobato
Por quê: "Indico A Chave do Tamanho, de Monteiro Lobato, em primeiro lugar porque se trata de um grande autor, de um escritor autenticamente brasileiro. E, depois, porque este livro é uma espécie de fábula sobre o nosso mundo, uma fábula que permanece surpreendentemente atual."

Editora: Brasiliense












Ricardo Azevedo, autor de Trezentos Parafusos a Menos, indica:

Nome do livro: O homem que não queria saber mais nada e outras histórias, de Peter Bischel
Por quê: "Falar em literatura e indicar um único livro é sempre missão impossível. Pensar em pessoas de 10 a 14 anos, por si só, já significa levar em conta um imenso leque de possibilidades. Mesmo assim, acho que nossos jovens não podiam deixar de ler, por exemplo, as crônicas de Rubem Braga, Fernando Sabino e Sergio Porto. Sem dúvida, deviam ler contos de autores como Garcia Márquez e Júlio Cortazar. Os contos de José Cândido de Carvalho, Murilo Rubião e Oswaldo França Junior também. Seria ótimo se pudessem conhecer pelo menos um pouco da poesia de Manuel Bandeira, Murilo Mendes, Carlos Drummond e Ferreira Gullar. Literatura imprescindível é o que não falta. A pedidos, vou indicar um livro: O homem que não queria saber mais nada e outras histórias, de Peter Bischel, publicado pela Editora Ática. 
Conheci três contos deste livro extraordinário na adolescência, por meio da revista Humboldt, de intercâmbio cultural Brasil-Alemanha, numa tradução portuguesa. Estava começando a escrever meus textos e pensei: 'quero escrever que nem esse cara'. O livro foi publicado no Brasil em 2002 e é composto de sete contos. Que eu saiba, os únicos textos 'para crianças' escritos por Bischel, um importante poeta suíço. Títulos dos contos: A Terra é redonda, Uma mesa é uma mesa, A América não existe, O inventor, O homem que tinha memória, Tio Iodok manda lembranças e O homem que não queria saber mais nada. São textos instigantes, inesperados e perturbadores que fazem pensar sobre a gente mesmo e também sobre o sentido da vida".

 Editora: Ática


Fernanda Lopes de Almeida, autora de A Fada que Tinha Idéias, indica:

Nome do livro: Minha Vida de Menina, de Helena Morley
Por quê: "Sugiro Minha vida de menina, de Helena Morley, que além de mostrar como vivia uma menina interiorana nos últimos anos do século XIX, é 'uma espécie de história natural do Brasil', como disse Gilberto Freyre. O livro expõe o dia a dia da sociedade brasileira provinciana, naquele fim de século e, ao mesmo tempo, mostra como era ser adolescente naquela época, sem nenhuma das tecnologias que os jovens de hoje julgam indispensáveis para se viver. São outros sabores, outros prazeres e, no entanto, se o leitor atentar bem, encontrará muito de si mesmo nessa adolescente que viveu há mais de cem anos".

Editora: Companhia das Letras








Jorge Miguel Marinho, autor de O Boi Cor-de-Rosa, indica:

Nome do livro: O Diário de Biloca, de Edson Gabriel Garcia
Por quê: "O livro que indico é uma novela imperdível que tem agradado há quase vinte anos os mais diversos perfis emocionais da juventude: meninos, meninas, tímidos, irreverentes, ousados, insatisfeitos, inquietos, introspectivos e vai por aí. Trata-se de O diário de Biloca, de Edson Gabriel Garcia, onde uma menina de doze para treze anos faz do seu diário um lugar de confissões, inquietações e interrogações dela com ela mesma e dela com o mundo. O Diário (aqui com letra maiúscula, porque é sem dúvida um personagem), muito mais do que um esconderijo de emoções, aparece como um interlocutor de Biloca com o mundo - porque, no fundo, ainda que inconscientemente, ela quer demais que o mundo real ou virtual de pessoas que fazem parte do seu mundo a reconheçam e a aceitem como ela de fato é: com seus sonhos, seus desejos, seus grandes afetos e pequenos ódios, suas arrogâncias e inseguranças, sua timidez, seus pequenos e grandes conflitos, tão presentes no mundo de todos os jovens.O que motiva a leitura desde a primeira página, quando ela diz 'Ganhei este diário hoje', é a espontaneidade do tom da menina que se mostra sem meias palavras, como se as suas palavras, sempre tão diretas e desarmadas, acontecessem no fluxo imediato das emoções. É das pequenas coisas, bem familiares e tão presentes no mundo dos jovens, como a bronca e a ternura pela escola e pelos amigos, o momentâneo repúdio pela família, a sensualidade e a sexualidade à flor da pele, o desejo de roupa nova como quem quer mudar de personalidade, que se revelam os sentimentos maiores, até mesmo universais, como a obstinada busca de identidade, a necessidade de se descobrir e se ver aos olhos dos outros, a vontade de querer continuar sendo criança desejando demais se tornar quase uma mulher, ansiedade de ser livre sem nunca perder a comunidade de pessoas que habitam ou ainda vão habitar o seu mundo mais pessoal.
    Por essa mescla de espontaneidade prosaica e registro das vivências tão relevantes na travessia dos jovens que O Diário de Biloca certamente atende às expectativas de leitura dos mais diferentes jovens leitores, funcionando assim como uma espécie de 'isca de leitura' para outros livros que certamente também vão motivar, formar e depurar o gosto de leitura da moçada."

Editora: Atual Editora


Ivan Jaf, autor de Gip! Gip!: Nheco! Nheco!, indica:

Nome do livro: Vidas Secas, de Graciliano Ramos
Por quê: "Quando se fala em livro essencial para um brasileiro eu penso logo em Vidas Secas, do Graciliano Ramos. Pode parecer uma indicação de leitura estranha para um adolescente, mas eu explico. Sua primeira qualidade é a linguagem enxuta e seca, as descrições precisas, a escassez de adjetivos. Isso agrada o leitor atual. O tema gira em torno de uma família, há pais, dois filhos, papagaio e uma cadela chamada Baleia, quase protagonista. Os capítulos podem ser lidos em qualquer ordem, como contos. O leitor, se quiser, monta seu próprio livro. Graciliano os escreveu separados, nos jornais. O capítulo chamado Baleia, por exemplo, que é o nono do livro, foi o primeiro a ser escrito. É uma inovação formal usada em muitos livros infanto-juvenis... Além de tudo isso, é uma aula de Brasil profundo; leva o leitor por cenários inimagináveis à maioria; apresenta palavras novas (vale a pena ter um dicionário ao lado); é carregado de sentimentos básicos; mostra a fome, a seca, a humilhação, a importância dos laços familiares. Como é um livro para ser lido muitas vezes durante a vida, e a cada vez entendendo um pouco mais, é melhor começar cedo. Quando a leitura termina, fica-se com a sensação e que nossa alma foi tocada por uma obra-prima".

Editora: Record


Ziraldo, autor de O Menino Maluquinho, indica:

Nome do livro: Noções de Coisas, de Darcy Ribeiro
Por quê: "Para o adolescente que lê bastante, qualquer livro é permitido, tenho até uma sobrinha por essa idade que estava lendo o Ensaio sobre a Cegueira, do Saramago. Para o adolescente que não lê, esse livro do Darcy é a melhor conversa com um adolescente que um adulto poderia ter. A linguagem é irônica, engraçada. Ele troca o nome do livro do Ruy Barbosa, falando que ele era chato, falando mal dele. Darcy conversa sobre a vida: é o melhor livro para adolescente já escrito no Brasil. Ele ironiza o fato de o Ruy Barbosa ter escrito um livro que, na verdade, era uma tradução que ele fingia que tinha escrito, o Lições de Coisas."

Editora: FTD






FONTE: http://educarparacrescer.abril.com.br
Texto Piero Locatelli


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