Dicas de leitura por um ganhador do Jabuti
O escritor carioca José Castello fala sobre seus gostos literários

Nascido no Rio de Janeiro, em 1951, de família
nordestina (seu pai migrou de Parnaíba, Piauí, para o Sudeste), Castello
se formou jornalista na Universidade Federal do Rio de Janeiro,
trabalhando durante anos como crítico literário para o "Jornal do
Brasil" e "O Estado de S. Paulo". Depois, começou a angariar fama com a
produção de biografias (João Cabral de Melo Neto e Vinicius de Moraes,
entre outras). Ficção pra valer teve início com o livro ´Fantasma´, de
2001, cuja narrativa é ambientada em Curitiba, onde reside desde 1994.
Apesar de o prêmio reconhecer o talento como escritor, Castello nunca se
sente plenamente satisfeito. "Só entrego os originais por cansaço,
quando não suporto mais nem vê-los... Porque um escrito nunca está
realmente pronto."
Como leitor, ele tem sido exigente desde
garoto. Solitário, soube encontrar na literatura a companhia ideal para
pensar, fantasiar, concluir. Conheça alguns dos livros que marcaram a
vida de José Castello a seguir.
Cinco livros que marcaram a vida de leitor
Cinco livros que marcaram a vida de leitor
Para ler, clique nos itens abaixo:
- Robinson Crusoé, de Daniel Defoe
"Esse foi o primeiro romance que me pegou - li pela primeira vez aos 11 anos. Encontrei um exemplar em casa, esquecido por uma tia, irmã de minha mãe. Fiquei fascinado, lembro-me de ter lido e relido inúmeras vezes ao longo daquele ano... É a história de um sujeito que vai parar numa ilha que não tem nada, nem ninguém, ele está sozinho e precisa começar do zero... Era exatamente como me sentia quando garoto, eu era um Robinson Crusoé! Lendo aquele história, vi que existia outro como eu, o livro me deixou maravilhado porque comecei a ver que era possível viver na solidão absoluta. Crusoé era e foi um modelo para mim. E continua a ser até hoje". - Carta ao pai, de Franz Kafka
"Eu o li pela primeira vez na adolescência. E eu - que tinha imensas dificuldades na relação com meu pai - logo me identifiquei com os problemas que Franz Kafka enfrentou na relação com o próprio pai, Hermann Kafka, tema da carta. Carta, aliás, que Franz deu à mãe e ao pai - e que o pai nunca leu. Em 1976, dei esse livro de presente a meu pai, que nunca o leu também. Trinta anos depois, ele me serviu como uma das bases de apoio para a construção de meu romance "Ribamar", em 2010, que mereceu o prêmio Jabuti de "romance do ano" no ano seguinte. Nunca parei de reler a carta de Kafka - é uma obra prima". - Bartleby & Cia, de Enrique Vila-Matas
"Admiro muito toda a obra desse escritor espanhol e, em particular, "Bartleby & Cia", um lindo livro sobre os escritores que abdicam da palavra e preferem o silêncio. Eu o tenho na conta de mestre, Vila-Matas é a grande novidade dos últimos anos na minha vida de leitor. Sobretudo, porque ele escreve com essa perspectiva que tanto me agrada, não respeitando os gêneros literários, não desvinculando a vida da literatura. A literatura de Enrique Vila-Matas é uma reportagem ao mesmo tempo interior e exterior... Admito: por uns quatro a cinco anos, eu li obsessivamente tudo o que ele escreveu". - A paixão segundo GH, de Clarice Lispector
"Foi o primeiro livro de Clarice que eu li, aos 19 anos. O impacto foi tão forte que caí doente. O médico que me atendeu, chamado por minha avó, diagnosticou - sem saber que fazia uma estupenda crítica literária - que eu sofria apenas "de alguma paixonite". Nunca paro de relê-lo, é o grande livro de Clarice - embora eu seja apaixonado por toda a sua obra. Um livro que coloca em questão o próprio sentido da literatura e que está, de certa forma, ‘para além’ dela." - A passagem tensa dos corpos, de Carlos de Brito e Mello
"É uma obra que li faz pouco tempo... O escritor tem 35 anos, é de Minas Gerais e ele escreveu esse livro quando ainda ninguém o conhecia... Fiquei louco com essa leitura, tão maluco que já li esse livro quatro vezes seguidas. Depois, Carlos de Brito e Mello esteve, com toda a justiça, entre os finalistas do prêmio Portugal Telecom de Literatura. O livro tem mais de cem capítulos, todos eles bem curtos, e trata da morte de uma forma surpreendente."
FONTE: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura
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